Perversa Pureza
A Liturgia da Besta e a Palavra que Devora
Na intersecção entre o divino e o carnal, este poema estabelece uma "amarração celestial" que subverte a ordem natural. Aqui, o ato de amar é descrito através de uma terminologia teológica — comunhão, versículos, salvação — aplicada a um contexto de Erotismo Sombrio. O eu-lírico assume a forma da "besta-homem", uma entidade que não apenas consome o corpo da amada (a "vampira"), mas a reescreve através da palavra.
O texto explora a ideia de que a linguagem pode ser uma forma de dominação física. As sílabas são "alienadas", os lábios são "trelas", e a aceitação é "abafada" pela intensidade da entrega. É uma obra sobre a fusão absoluta ("te-me-circundas"), onde o prazer proibido reside na anulação das fronteiras entre quem devora e quem é devorado. Testemunhe esta confissão lúgubre onde o sagrado é sacrificado no altar da pulsão.