Depenar das Asas
A dor do amor não correspondido muitas vezes não reside na ausência física, mas na indiferença gélida de quem dorme ao nosso lado. Nesta peça de literatura gótica, exploramos o abismo entre dois corpos que partilham o mesmo espaço, mas habitam universos espirituais opostos. O eu-lírico confronta a angústia de manter a sua vitalidade e o seu desejo voraz perante um parceiro emocionalmente catatónico, descrito aqui como um 'eunuco negligente'.
Através de metáforas de ruínas e jardins ressequidos, estes versos dissecam a toxicidade do silêncio e o custo de oferecer rosas a quem tem as mãos fechadas aos espinhos. É um manifesto sobre a sobrevivência da alma perante a solidão a dois e o luto de um relacionamento que, embora vivo no papel, já se tornou num funeral diário de afetos.