Farricoco
A Arquitetura do Vazio
Na tradição da literatura gótica e do horror existencial, poucos temas são tão cortantes quanto o confronto direto com o abismo interior. Este poema não é apenas um lamento; é uma dissecação visceral da alma humana quando despida de ilusões sagradas. Ao explorar a morte de Deus — não apenas como conceito teológico, mas como o fim da esperança e da luz — os versos mergulham em um cenário lúgubre onde a inocência é devorada pela experiência traumática.
O eu lírico apresenta-se como um "homem de granito", uma metáfora poderosa para a insensibilidade adquirida através da dor e do isolamento. Através de imagens de suicídio simbólico, decadência física e canibalismo espiritual, a obra questiona o que resta quando a moralidade se dissolve nas sombras. Esta é uma peça de poesia macabra destinada aos que buscam compreender a estética da escuridão e o peso esmagador da consciência solitária. Prepare-se para encarar o breu.
1 A.M.
Há dias em que a própria luz do sol parece uma ofensa à escuridão que carregamos no peito. Neste texto, dispo a alma de artifícios para tocar na ferida aberta da existência — aquele lugar onde o amor é a única âncora que nos impede de ceder à gravidade do vazio. Entre o cheiro a arsénico e a poeira real dos dias, fica o registo de uma luta silenciosa, travada na ponta de uma faca e no berço de um filho.