Bicho-papão em cima do telhado

Não sou nada de especial.

Sou eloquente e tenho presença, sem arrogância vos digo...

No entanto, não sou especial...

Atração temporária,

Emoção interessante e passageira,

Um sabor que se aproximou, expandiu e passou

Sou fantoche de quem me aceita,

e de quem, para próprio benefício, o finge que faz

Não sou como achas, não sou como a tua certeza de quem tens à frente

Sou assassino

sou frágil

Sou eu

Eu

Eu

e...

Eu também,

Que só te funciona enquanto te fizer dançar

Um túmulo faísca em sinapse

com tudo o que ele trará para mim,

longe de ti

e de ti também

e de ti

e de ti

Acordei e senti todas as sanguessugas a drenarem-me

a distorcerem-me,

a fazerem-me perder de mim

Única lágrima brota

da lava do meu coração

da negrura do meu espírito

do frio por ódio segregado pelas minhas entranhas

Ninguém virá para mim,

ninguém me tirará do ensombro desta cela torturada por tempestades eternas

Ninguém...

apenas eu, e um mundo de oponentes

Anuncie-se aos lá de fora

A todos matarei

A todos erradicarei da terra e de mim

como cão que sou

em bosque de corvos

que do alto leem os espíritos de poetas mortos

E por todas as esperanças alinhadas haverá uma chama

E por cada chama

uma ilusão queimada

em Inquisição de despeito, desrespeito,

onde farei todos se imolarem por mim

No meio dos gritos,

do sangue que coagula e não corre,

a meio de salpicos de decapitação

eu estarei lá,

ali, em todo o lado

Pois eterno,

omnipresente é

quem veio da morte

existe no liminal de cegueira alheia

e sustém-se com Miséria

Oh, abundante Miséria...

por todos vós dada

Sepultar-me-ei aqui

Nas vossas superficialidades

limitações

fraquezas e falsas forças

Silenciando-me em túmulo de ódio e desejo de devastação...

para todos vocês.

Peço, quando tudo morrer,

for esquecido,

despedaçado

destruído

não me e vos encontrar após túmulo.

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