Centelha na Noite
Nesta obra de poesia gótica, explora-se a fronteira ténue e perigosa onde a obsessão se encontra com a mortalidade. O texto mergulha nas profundezas do erotismo sombrio, rejeitando a mediocridade "castradora" das convenções sociais para celebrar o corpo como um templo sagrado e profano.
O eu-lírico confronta a existência desbotada através de uma voraz vontade de poder, onde o prazer não é apenas físico, mas uma rebelião metafísica contra o vazio. Entre "beijos de vitríolo" e "promessas carnívoras", convido-vos a testemunhar um amor que sobrevive à ruína, uivando pela lua mesmo diante da inevitabilidade do caixão. Esta é uma leitura para quem busca nas sombras a verdade crua da paixão proibida e do devaneio eterno.
Avé-Magdala
Na tradição da literatura gótica e do romantismo sombrio, a fronteira entre a experiência religiosa e o clímax sexual é frequentemente dissolvida. Este poema explora o conceito do "corpo-altar", onde o ato de amar se transforma em um ritual de adoração profana. Através de uma poesia erótica carregada de simbolismo, os versos abaixo descrevem a busca pela "pequena morte" — o termo francês para o orgasmo que denota uma transcendência momentânea da alma.
Aqui, a figura feminina é elevada a uma divindade paradoxal, uma "Meretriz Maria" que exige submissão e oferece a redenção através do prazer. O eu-lírico coloca-se na posição de devoto, onde o suor, o cheiro e o toque não são apenas sensações físicas, mas sacramentos de uma obsessão mútua. Em um cenário de penumbra iluminado apenas pelo luar, o desejo torna-se a única moralidade vigente, convidando o leitor a testemunhar uma confissão de êxtase e entrega absoluta.
Perversa Pureza
A Liturgia da Besta e a Palavra que Devora
Na intersecção entre o divino e o carnal, este poema estabelece uma "amarração celestial" que subverte a ordem natural. Aqui, o ato de amar é descrito através de uma terminologia teológica — comunhão, versículos, salvação — aplicada a um contexto de Erotismo Sombrio. O eu-lírico assume a forma da "besta-homem", uma entidade que não apenas consome o corpo da amada (a "vampira"), mas a reescreve através da palavra.
O texto explora a ideia de que a linguagem pode ser uma forma de dominação física. As sílabas são "alienadas", os lábios são "trelas", e a aceitação é "abafada" pela intensidade da entrega. É uma obra sobre a fusão absoluta ("te-me-circundas"), onde o prazer proibido reside na anulação das fronteiras entre quem devora e quem é devorado. Testemunhe esta confissão lúgubre onde o sagrado é sacrificado no altar da pulsão.
Noctem Voluptas
No auge da literatura erótica visceral, o corpo deixa de ser apenas anatomia para se tornar um banquete. Este poema apresenta a figura do "Soberano Devorador", uma entidade — real ou imaginada — que observa e controla o prazer feminino com um apetite voraz. O texto transita entre a realidade do toque solitário e a presença avassaladora dessa figura dominadora na mente da mulher.
Com uma linguagem que não foge da explicitude ("fonte clitoriana", "fluidos de luxúria"), os versos exploram a obsessão de ser consumida. É uma cena de "pornografia de febre-desejo", onde a impaciência e a espera ("Oh, que Ele não chega") funcionam como o tempero final para uma orgia de sensações. Aqui, a mulher é servida numa "bandeja" metafórica, pronta para a refeição final de um amor que é, em sua essência, um ato de canibalismo absoluto.
Compulsão
Muitas vezes, o desejo não pede permissão; ele decreta. Este poema atua como a voz personificada da compulsão erótica — aquela força interna que nos empurra para "o fundo", para longe da moralidade diária e para dentro da "insanidade antes do orgasmo".
O texto utiliza metáforas de controle ("marioneta") e sensações agudas ("êxtase de agulha") para descrever a libertação da vontade oprimida. O eu-lírico apresenta-se como um catalisador de fantasias proibidas, aquele que enche o copo e sussurra o convite para as coisas "lascivas e perigosas". É uma ode à aceitação das sombras interiores, onde a dor e o prazer se entrelaçam numa dança de submissão aos próprios instintos mais vorazes.
Comunhão
No panteão do romance gótico, o amor muitas vezes é retratado não como união, mas como colisão de fomes. Este poema utiliza a potente imagem da Ouroboros — a serpente antiga que devora a própria cauda — para simbolizar um relacionamento onde o prazer e a destruição se alimentam mutuamente.
O texto invoca figuras do horror erótico: a Succubus e o Mancubus (entidades que drenam a vida através do ato sexual) e a figura da vampira. O cenário é um "teatro macabro" de blasfêmia, onde o divino é "extropiado" para dar lugar a um altar de carne. Aqui, a submissão não é passividade, mas uma estratégia para ser consumido e renascer, num ciclo lúgubre de "meia luz" e eternidade. Prepara-te para versos que exploram a obsessão além do túmulo, onde a luxúria é a única redenção possível para os condenados.
Venus Aversa
Arquivos do Desejo:
Dinâmica: Predador & Presa (Lobo/Cordeiro).
Temas: Primal Play (Instinto Animal), Dominação Psicológica, Adoração Oral.
Atmosfera: Ritualística, Noturna, Voraz.
Aviso: Contém descrições de intensidade sensorial e linguagem explícita de cunho devocional.
Introdução ao Rito:
Neste texto, a barreira entre o humano e o animal é rompida. O eu-lírico assume a postura do "Lobo", não para ferir, mas para devorar o prazer da "Cordeiro" através de uma técnica de expectativa e negação. É uma exploração da submissão que não pede permissão, mas exige entrega absoluta, transformando o quarto em uma jaula de êxtase onde a única saída é a "pequena morte".
Bulb
Na literatura erótica, poucos conceitos são tão poderosos quanto a la petite mort — a expressão francesa para o orgasmo que equipara o êxtase a um breve desfalecimento da consciência. Este poema explora essa "morte" momentânea através de uma lente de voracidade e entrega absoluta. Aqui, o ato de amar não é passivo; é um canibalismo metafórico onde o eu-lírico busca consumir e ser consumido pela chama do desejo.
O texto navega pela anatomia do prazer com uma linguagem que mistura o sagrado e o biológico, sugerindo uma "clitoração" — um neologismo que evoca tanto a prece quanto o pulsar da vida. É uma descida ao abismo do inconsciente, onde "cortinados vúlvicos" e "sonhos eletrificados" desenham um mapa de obsessão e descoberta. Nestes versos, o prazer oral transcende o físico, tornando-se uma ferramenta para alcançar o inefável, onde o medo e o tremor dão lugar ao sublime proibido.