Em Carne Viva
Respiro…
trêmula…
dissociada em carne e espírito…
o meu peito brilha…
em suor que escorre…
entre os meus seios que se excitam…
urgentes pela tua lingua.
Boca em “O” mudo…
perante intensidade de prazer…imaginado…
tortura libidinosa…febre pelos teus mandamentos em…
mordaça
chicote
algemas
Tortura-me a carne!
Marca-me o corpo!
Brinquedo vibra…
o cheiro de loucura à deriva…
À noite, na lua pálida que me fricciona o corpo…
…deliciosa devassidão…
rímel em borrão…
de tal transpirar… pelo constante pulsar do meu eu…que comes…
invades
te apossas…
a língua de fogo…
de ti para mim…
palavra de Crucificado … aqui…
por entre as minhas pernas o teu fim…
entra-me em salvação…
redenção
em holocausto pentagramático
de missa negra…
Dá ordem ao corpo para se devorar!
Ordena que me toque para ti!
Que me toque para ti!
Tensionada… energizada… propagada… por êxtase sem fim…
e desço-te em espírito santo….
O meu cabelo…
emaranhado de chicotes que te castigam…
estimulam
enredam
arrastam-te para as sombras…
muito depois do fundo!!
Mais… mais fundo…
até nada me reter aqui, em ti, sem fim… este calor que me queima a pálida pele…
irrequieta por consumo…
irrequieta…em convulsão….
em arquear…
incessante….
não me consigo pacificar, enquanto não terminar…
O dragão que me desenha as costas…
que se ramifica em rosas nos braços e pulsos…
Brilham as linhas que pulsam por doce devorar…
de carga maliciosa…
egoísmo hedonista…
O que quero, quero-o para mim, e tu… o teu…
o teu pode esperar até eu ter o meu…
Hesitante…
pelo marcante…
momento antes de tudo fluir de mim… para ti…
Compasso de possessão
marcado pela tirania…
da anca que te devora
nesta hora…
em que se confunde o amar
com o matar…
Matar… o teu desejo…
olvida-te de parar, descansar, respirar…
Pressiono com os meus braços o teu peito…
encontro o apoio…
para onde me posso esgueirar e afundar…
estrogénio…
o teu espalhado por todo o meu…
Corpos…encontram-se em uníssono…vagalhões de mar-ensejo…
onde me ancoro… bem no fundo…
não temos lugar neste mundo…